quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Falando do ENEE...

Caros leitores,  no site da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) há reportagens muito boas sobre o que os palestrantes disseram no Encontro Nacional de Assuntos Estratégicos (ENEE). Colocarei trechos de palestrantes como Embaixador Antonio de Aguiar Patriota, Ministro Fernando Haddad e Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. Antes disso, explicarei um pouco sobre eles.



Patriota é o atual Secretário-Geral das Relações Exteriores. Uma dúvida que tinha em relação a ser Ministro das Relações Exteriores ou ser Secretário-Geral, era se ambos precisavam ser diplomatas de carreira. Em visita ao Palácio do Itamaraty, descobri que o Ministro de Relações Exteriores pode ser diplomata de carreira ou não, já o Secretário-Geral é obrigado a ser. Além disso, este último tem maior segurança e privacidade no Palácio do Itamaraty. Possui um elevado para sua garagem oficial, ao lado de sua sala, para uso a qualquer momento.

Em palestra realizada em Brasília, na semana passada, Patriota disse que precisamos combater a desigualdade no Brasil. Além disso, citou alguns desafios na política externa brasileira rumo a 2022, sendo elas: "Consolidar a América do Sul como espaço de paz, prosperidade e democracia; contribuir para que se realize um cenário de multipolaridade de cooperação no mundo, e trabalhar por um consenso nacional mais sólido sobre o que o Brasil deseja ser na esfera internacional."

"Hoje, apesar de sermos a oitava economia do mundo, representamos apenas 2,3% do Produto Mundial, enquanto a primeira economia representa 23%. O dado ilustra o quanto a desigualdade precisa ser combatida."


Fernando Haddad é o atual Ministro da Educação. Disse que, em 2001, representamos o patamar mais baixo em exames nacionais e internacionais na educação. Mas, o Brasil vem de maneira adequada para superar suas dificuldades. Para Haddad, a grande mudança na educação será a compatibilização de qualidade e quantidade. Reverter a curva decrescente da qualidade. Ter melhor atendimento, mais quantidade e melhor qualidade. 
“É muito mais do que uma questão de quantidade, os indicadores mostram que os estudantes estão buscando um diploma reconhecido pela sociedade, em função do seu valor acadêmico. Um diploma qualquer não serve mais.”


Samuel Pinheiro Guimarães é o atual Ministro da Secretaria de Assuntos Gerais. Disse em Brasília que para garantir a segurança do Estado é necessário investir no desenvolvimento social, político e econômico.  "Sem segurança pode até haver desenvolvimento, mas sem desenvolvimento é difícil haver segurança."

terça-feira, 28 de setembro de 2010

SEMANARI - UFSC

Começa amanha a Primeira Semana Acadêmica de Relações Internacionais na UFSC. Serão tratados temas como: o estudo das relações internacionais, política externa e estratégia nacional de defesa.

Dia 29/9 - QUARTA-FEIRA

MANHà10h - Palestra de Abertura
Local: Auditório do Centro Sócio- Econômico(CSE)
Tema: Estudar e Pesquisar Relações Internacionais no Brasil
Palestrante: Professor José Flávio Sombra Saraiva - Universidade de Brasília (UnB).
Comentarista: Embaixador Abelardo Arantes Júnior

TARDE: 15h
Local: Auditório do Centro Sócio- Econômico(CSE)
Tema: A atuação da Secretaria Executiva de Assuntos Internacionais de Florianópolis
Palestrante: Vanessa Oliveira - Internacionalista

NOITE: 18h30 - Palestra
Local: Auditório do Centro Sócio-Econômico (CSE)
Tema: O debate sobre a Política Externa Brasileira nos anos 1980: a crise do modelo desenvolvimentista e a ascensão do modelo liberal
Palestrante: Professora Geisa Cunha Franco - Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO)
Comentarista: Professora Karine de Souza Silva - Departameno de Ciências Econômicas - UFSC

sábado, 25 de setembro de 2010

Encontro Nacional de Assuntos Estratégicos


Semana do Encontro Nacional de Assuntos Estratégicos (ENEE) em Brasília (22 - 24). A foto foi tirada no último dia do evento mostrando o tema do encontro. Sendo rumo a 2022 por ser o ano de 200 anos de independência do Brasil.

O encontro teve como palestrantes o Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, Ministro da Educação Fernando Haddad, Ministro da Cultura Juca Ferreira, Marinha, Aeronáutica, Exército e muitos outros. Eu, Dóris Dávi, Amanda Neves e Fernanda Justus, membros do Centro Acadêmico de Relações Internacionais da UNISUL, comparecemos ao encontro e depois faremos uma análise dos assuntos tratados em relação ao Brasil e Mundo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

CARINI

Pessoal eu e todos do Centro Acadêmico de Relações Internacionais do Norte da Ilha Unisul queríamos agradecer pela chapa das nações ter sido eleita com 100% de aprovação! Para os alunos entrarem em contato com o C.A temos um email e twitter.


Por estarmos iniciando, temos muito o que arrumar ainda. Mas desde já agradecemos atenção de todos!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Organizações Internacionais

Por Caroline dos Santos


O QUE SÃO?
São ao mesmo tempo atores centrais do Sistema Internacional, fóruns onde idéias circulam, se legitimam, adquirem raízes e também desaparecem, e mecanismos de cooperação entre os Estados e outros atores. Elaboram políticas e projetos próprios além de poderem adquirir Personalidade Jurídica de acordo com o Direito Internacional Público.

ASPECTOS NECESSÁRIOS PARA O SURGIMENTO DAS OIs
Existência de Estados Soberanos; fluxo de contato significativo entre eles; o reconhecimento pelos Estados dos problemas que surgem a partir de sua coexistência e da necessidade de criação de instituições e métodos sistemáticos para regular suas relações.

CARACTERÍSTICAS
Voluntarismo; Permanência; Previsibilidade; Legitimidade de Personalidade Jurídica – Capacidade de obter direito e deveres; Autonoma relativa (quem decide por ela é o Estado) – Relativa em função do tratado
constitutivo; Reciprocidade; Indivisibilidade (os princípios acordados valem para todos os Estados membros)

ARRANJO AH HOC
Criados para gerar cooperação em um momento específico.
Quando o espaço institucional apropriado para uma negociação ou para a realização de um projeto específico não está disponível, os atores interessados geram um arranjo ad hoc, com uma ou várias reuniões de cúpula ou conferências internacionais.

Ex: julgamento de crimes contra a humanidade foi fundamental para o processo de criação do TPI em 2002.

LEGITIMIDADE
Capacidade de obter direitos e deveres. Os princípios, a lógica da indivisibilidade e a reciprocidade difusa favorecem o processo de legitimação das OIGs no Sistema Internacional. Exercem poder no sistema internacional a partir do momento que se tornam atores com legitimidade reconhecida por um número significativo de atores. Dependem do Estado para adquirir legitimidade.

DESAFIOS ENFRENTADOS PELAS OIs
Dificuldades de financiamento, problemas de coordenação entre agências e diferentes organizações lidando com o mesmo problema da legitimidade democrática e a efetividade das decisões tomadas em um mundo que ainda impera o princípio da soberania estatal.

ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS
Instituições privadas que podem ser de caráter internacional ou nacionais, que visam por objetivos humanitários, religiosos, econômicos, educacionais, científicos e políticos.

ASSUNTOS QUE AS OIs PODEM RESOLVER
Paz; Segurança; Segurança Nuclear; Ajuda ao desenvolvimento;Assistência ao processo de descolonização;

REALISMO
Os Estados como os principais atores do SI, atores unitários que buscam maximizar seu poder e sua segurança.
Esfera doméstica: Progresso, ordem e paz são possíveis; Esfera Internacional: anarquia, desordem e guerra é pressuposto básico. Criticam que as OI podem mudar aspectos importantes do SI e não conferem relevância ao papel das ONGIs. Acreditam que só quando se tem um líder(ator) hegemônico pode-se haver criação e respeito pelas normas.

LIBERALISMO
Diz que um fluxo mais intenso de comércio favorece a paz, regimes políticos democráticos ou republicanos estão associados a relações pacíficas entre os Estados e, o mais importante para este trabalho, a construção de instituições internacionais pode transformar as relações entre os atores do SI. Mantém-se a idéia de que o Estado é o principal ator no SI e que eles busca acumular recursos de poder. As instituições têm um papel crucial em facilitar a cooperação Reciprocidade e confiança mútua é essencial. As instituições realizam o interesse dos Estados.

FUNCIONALISMO
A forma segue a função. Comércio e paz são as bases para a proposta funcionalista. A soberania não seria superada mas compartilhada.O funcionalismo reflete no comércio. Não abriga temas políticos. Os especialistas seriam os principais agentes do processo de aprendizagem de cooperação, que pode transbordar das técnicas para a arena política. A separação entre política e cooperação não retrataria a realidade.

NEOFUNCIONALISMO
Um processo de integração pode em áreas específicas transbordar para novas áreas de integração. Por exemplo, se os Estados adquirem uma maior integração em áreas como o setor carvoeiro, haverá um maior incentivo em áreas do setor energético. Não se trata mais de encontrar um mínimo denominador comum mas sim interesses comuns, possivelmente chegando à formação de uma nova comunidade política. Conferem o papel nas OIs como agente ativos no processo de integração. E também tratam de assuntos que passam da área técnica para a política.

MARXISMO
As relações sociais estão interconectadas. A análise sistêmica, focalizada nos padrões de dominação, e a crença em uma mudança revolucionária representam uma visão bastante diferente da liberal e realista. O conflito não opera apenas entre os Estados, mas dentro e através deles. A anarquia está associada ao modo de produção capitalista.

COSMOPOLITA
Existênicas de valores universais e o déficit democrático. No SI apenas a relações de poder são relevantes. Idéia de um ser humano universal, análise da política partindo dessa idéia. A força da lei deveria permanecer entre os Estados, nas suas relações e nas relações internacionais que ultrapassam a esfera interestatal. A paz seria alcançada no momento em que todos os Estados fossem republicanos. Não há distinção para esta perspectiva entre sociedade doméstica e internacional, entre estado da natureza e sociedade civil. É baseada em cima de três princípios: igualitarimos individualista, cada indivíduo tem valor moral; reconhecimento recíproco, os argumentos de todos devem ser ouvidos; o tratamento imparcial perante práticas, regras ou instituições. As ONGIs são estudadas como parte de um movimento p/ formação de uma cidadania global.

CONSTRUTIVISMO
Comportamento guiado por normas. Os atores consideram qual o comportamento apropriado em uma dada realidade social.. Objetivam compreender e explicar a construção social dos atores e das estruturas sociais, as quais se constituem mutuamente. As identidades, a racionalidade, os interesses e as preferências são construídos socialmente, uma análise sociológica permite compreender esse processo. Para os construtivistas as instituições internacionais têm um papel fundamental, podendo mudar a definição de interesses e identidades dos Estados e de outros atores do SI. Diferente dos realistas que dizem ser os Estados os únicos atores relevantes, o construtivismo propõe atores encontrados no nível sistêmico podem ser proativos.

ESTATUTO JURÍDICO DAS OIs
Assim como os Estados gozam de direito e deveres internacionais reconhecidos pelo Direito Internacional as OIs dependem das finalidades e de suas funções, enunciados e em sua ata constitutiva para adquirirem esse mesmo direito.

CRIAÇÃO
As OI são sujeito de direitos cuja criação é fruto de ato jurídico multilateral, geralmente um acordo firmado entre Estados, o qual pode-se negociar um marco para uma posterior conferência internacional. A entrada em vigor e um acordo ou tratado internacional assinala o nascimento da mesma. Não possuem uma sede (território) base, podendo ser estabelecida entre os Estados membros o que pode variar durante a vida da Organização (Acordos de Sede). Diferentes de conferências as OI caracterizam se pela permanência. Podem estar explicita ou implicitamente declarado em seu tratados constitutivos a duração das mesmas.

SUCESSÃO
Pode ocorrer durante a vida da OI que ela transfira a outra OI algumas de suas funções. Pode ocorrer também que uma nova OI venha a ser substituída completamente no exercício de suas funções e competências e venha a desfrutar também dos patrimônios da OI que desaparece.
Ex: Liga das Nações posteriormente sucedida para ONU.

DISSOLUÇÃO
As OI podem desaparecer sem que nenhuma outra venha a ser criada no seu lugar. No tratado da OI já cita o seu tempo de existência. Fim dos interesses comuns; falência. A falta de funcionamento decorrente da retirada dos seus membros mais significativos pode levar ao seu desaparecimento. Pode também desaparecer por dificuldades financeiras.

BENEFÍCIOS DAS OI
Dentro dos limites, gozam de capacidade para contratar com terceiros (pessoas físicas ou jurídicas), aquelas prestações que sejam necessárias para seu funcionamento cotidiano (por exemplo, contratos de trabalho, de prestação de serviços, de assistência técnica, etc.) Igualmente vão poder comprar, vender, alugar bens móveis ou imóveis.

PERSONALIDADE JURÍDICA: SEU FUNDAMENTO
Capacidade para se titular de direitos e obrigações na ordem jurídica internacional, assim como possibilidade de fazer valer internacionalmente certos direitos e de responder também internacionalmente em caso de violação destas obrigações.

DOUTRINA
3 correntes de pensamento: Assimilar as OI aos Estados: OI = ESTADOS - reconhecendo-lhes uma personalidade internacional plena e a competência geral para realizar todo tipo de ato internacional. Vale lembrar que só os Estados possuem soberania plena e as OI são sujeitos derivados e funcionais, isto é suas competências são limitadas ao princípio da especialidade. OI consideradas meras formas de atuar coletivamente com os Estados: OI = FORMA COLETIVA DE AÇÃO DOS ESTADOS - Esta forma foi defendida pelos juristas dos países socialistas nos anos 60. Porém foi superada pelo desenvolvimento da prática internacional que mostra que as OI atuam em várias ocasiões como sujeito autônomos de Direito Internacional.Afirma que as OI possuem Personalidade Jurídica Internacional diferente da dos Estados: Personalidade Jurídica # ESTADOS - Esta se apóia em análises dos tratados constitutivos das OI, no desenvolvimento dos mesmos e através das práticas e interpretação jurisdicional que os Tribunais internacionais tem dado a mesma.

PERSONALIDADE JURÍDICA E JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL
A OI gozará, no território de cada um de seus membros, de capacidade jurídica que seja necessária para o exercício de suas funções e a realização de seus propósitos.

PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES DA PERSONALIDADE JURÍDICA INTERNACIONAL E DAS OIs
As Personalidades Jurídicas das OI vão ter conteúdos variáveis, o que significa para adquirí-la é necessário a descendência de cada OI especificamente e determinar em cada uma delas que competências internacionais é capaz de exercer e qual o grau de efetividade que se alcançou na sua vida internacional.

DIREITOS
Celebrar tratados internacionais: Podem celebrar acordos com os Estados membros, com terceiros Estados e com outras OI.

Ex: Acordos de sede; Convênios e privilégios; Acordos de coordenação e de cooperação com outras OI.

Estabelecer relações internacionais: Capacidade de receber e enviar representantes diplomáticos. Exercem as funções próprias da diplomacia tradicional, isto é, representação, negociação e informação, e que gozam dos mesmos direitos, privilégios e imunidades diplomáticas que são acordadas em missões diplomáticas dos Estados conforme o Direito Diplomático.

Participar nos procedimentos de solução das # internacionais (Solução de Controvérsias): No exercício de suas funções na esfera internacional uma OI pode entrar em desacordo com um terceiro sujeito internacional sobre um ponto de direito e de fato, uma contradição de teses jurídicas e de interesses. Podem surgir também controvérsias entre as OI regionais e a ONU. Também na hora de aplicar os acordos entre elas (OI regionais), para cuja solução, haverá de passar primeiramente pelo que disponha o próprio acordo, também os desacordos de sede são comuns.

Podem ser solucionadas através de negociações ou também precisar da intervenção de um terceiro, cujas decisões podem carecer de valor jurídico obrigatório. A instituição encarregada de solucionar a controvérsia pode ser um Tribunal Internacional escolhido pelas partes.

Participar das relações de responsabilidade internacional: Podem participar ativa e passivamente das relações jurídicas de responsabilidade internacional. Quando ocorrer um fato ilícito, por conseqüência da inobservância injustificada de uma obrigação internacional, proceda este de uma OI, um terceiro poderá invocar a responsabilidade da mesma. E, o inverso, a OI poderá reclamar a reparação do dano que sofreu como conseqüência da violação da obrigação internacional por um terceiro.

Privilégios e Imunidades: As OI e seus agentes gozam de uma série de privilégios e imunidades destinados a garantir a independência necessária para o exercício de suas funções. Tais privilégios e imunidades podem estar mencionados nos próprios tratados constitutivos.

Ex: Inviolabilidade de seus locais, salvo somente em casos de extrema urgência; Privilégios financeiros e fiscais; Imunidade de jurisdição, que lhes permitirá, salvo renúncia expressa, não comparecer diante dos tribunais nacionais. Também, beneficiam-se de respeito a todos os atos que realizam no exercício de suas funções, isto é, com caráter oficial.

domingo, 12 de setembro de 2010

Falando das eleições...

Pela proximidade das eleições à presidência no Brasil vou tentar escrever um pouco sobre política e assuntos que leio em blogs e jornais em geral. Questionarei vocês sobre o que estão achando da atual política e dos presidenciáveis.

Mais uma responsabilidade a ser tomada pelo cidadão e a difícil escolha em votar na pessoa certa é precisa. Tentarei não me posicionar a favor nem contra de nenhum partido. Até porque, mesmo por estarmos vivendo em democracia, vejo uma mídia tendenciosa ao expressarmos o que pensamos sobre a política em si.


Sabemos que em eleições, não somente presidenciais, são feitas excessivas promessas, entretanto, metade não cumpridas. Além disso, a mídia apresenta diversas revelações dos candidatos que acabam deixando muitos eleitores confusos e desiludidos com uma política e futuro promissores. Podemos ver isso no atual sigilo fiscal contra a família do candidato, José Serra.

(No blog do diplomata Paulo Roberto de Almeida - http://diplomatizzando.blogspot.com -, há textos “República Mafiosa do Brasil” - explicando todo esse sigilo, onde Paulo posiciona-se, claramente, contra a atual política brasileira).

Desde a revelação dos candidatos à presidência me pergunto de onde surgiu Dilma Rousseff (PT). Eu, particularmente, nunca tinha escutado falar sobre ela, muito menos o que realizou para a sociedade brasileira. Procurando arquivos sobre sua biografia me deparei com um arquivo da revista VEJA sobre seu passado, que no mínimo eu diria curioso. O título da reportagem chama-se "O cérebro do roubo ao cofre – Com passado pouco conhecido, a ministra envolveu-se em ações espetaculares da guerrilha". Deixo a escolha de vocês, a leitura da reportagem. http://veja.abril.com.br/150103/p_036.html

No entanto, não levo essa consideração de antiga guerrilheira um fator negativo para ela nas eleições. Mas o que me pergunto é:
Qual o motivo da escolha pelo alto escalão do Planalto e do Presidente Lula em escolher uma pessoa inexpressiva no âmbito político na presente data? Será que Dilma terá brilho próprio e não viverá à sombra do Lula?
Dilma já foi Ministra-Chefe da Casa Civil, mas nunca exerceu um cargo eletivo, todavia, tem como cabo eleitoral o atual Presidente. Sobre seu plano de governo na Política Externa visa manter as ideias do governo Lula. Um aspecto relevante seria a aproximação com países emergentes, a qual aumenta sua influência no sistema internacional.

Serra possui uma trajetória longa na política exercendo diversos cargos, tanto no Legislativo quanto no Executivo. Foi governador do Estado de São Paulo, Senador, Ministro da Saúde e muitos outros cargos. Em relação ao plano de governo e analisando o que já saiu na imprensa, Serra deve seguir os passos do governo de Fernando Henrique Cardoso. Criticou a postura de Lula em muitos de seus planos, além de ter atacado duramente o Mercosul, a Bolívia e a aproximação com o governo iraniano.

Marina já foi Senadora por dois mandados consecutivos e Ministra do Meio Ambiente. Seu plano de governo é de postura diplomática, com prioridade nas questões de sustentabilidade. Mas me questiono: É fundamental a preocupação com o meio ambiente, no entanto, será que num plano de governo à presidência é necessário ter como meta prioritária tão utópica assim?

Acho complicado escrever uma conclusão para tal texto, sem me posicionar ou ser redundante. No entanto acredito que a fusão de sustentabilidade ligado às integrações regionais e união com países emergentes, é crucial para o desenvolvimento político, econômico e social do Brasil. Mas como isto não é característica inteira de um candidato termino com mais algumas perguntas aos leitores...

1) Já que vemos tanto apoio ao governo Lula, por que não mudarmos a Constituição e reelergemos o atual presidente para um terceiro mandato? 
2) Vocês concordam que a sociedade brasileira está vivendo em uma comodidade tão grande, a ponto de elogiar o governo Lula mesmo com tantos problemas com corrupção, sigilo fiscal...?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A invenção do 7 de Setembro

Caros leitores, por falta de tempo não consegui elaborar um texto sobre o dia 7 de Setembro. Nem todos sabem que essa data não foi considerada, de início, relevante como marco simbólico da indepedência do Brasil, nem pela imprensa, nem pelo próprio d. Pedro. A procura de notícias em jornais, achei um texto no Estadão de São Paulo, que na minha opinião, responde muitas dúvidas sobre esse dia. Bom feriado!

A invenção do 7 de Setembro
Por Isabel Lustosa - O Estado de S.Paulo
 
 


Quando se deu realmente a Independência do Brasil? Porque, quando consultamos os jornais de 1822, não há nenhuma referência ao que se passou nas margens do Ipiranga em 7 de setembro? Porque aquele episódio foi escolhido em detrimento de outros, quando sabe que, em 1822, a data tomada como marco da Independência foi o 12 de outubro, dia do aniversário de dom Pedro I e de sua aclamação como imperador? Essas e outras questões foram respondidas, em artigo de enorme valor acadêmico, porém pouco conhecido, publicado em 1995, pela historiadora Maria de Lourdes Viana Lyra, sócia titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Intrigada com o silêncio da documentação e das publicações do ano de 1822 sobre o 7 de setembro, Lourdes Lyra devassou essa história e estabeleceu ponto por ponto o processo e os interesses envolvidos na escolha do 7 de setembro como data da Independência. Um ponto que merece realce é que os documentos que supostamente dom Pedro I teria lido às margens do Ipiranga no dia 7 só teriam chegado ao Rio de Janeiro em 22 de setembro. Outro é que o primeiro relato detalhado do episódio do Ipiranga só foi publicado em 1826, em momento de desprestígio do imperador diante dos brasileiros que tinham feito a Independência e que se indignaram com as bases do tratado assinado com Portugal.

A Inglaterra, que representou junto à Corte do Rio de Janeiro seus próprios interesses e os da Coroa portuguesa, pressionara o imperador. Dom Pedro foi convencido a aceitar que, no tratado pelo qual Portugal reconhecia a nossa Independência, ao contrário de todos os documentos do ano de 1822 que a davam como uma conquista dos brasileiros, constasse que esta nos fora concedida por dom João VI. Este era também reconhecido como imperador do Brasil que abdicava de seus direitos ao trono em favor do filho e ao qual ainda tivemos de pagar vultosa indenização. O patente interesse de dom Pedro em conservar seus direitos à sucessão do trono de Portugal, que essa fórmula do tratado revelava, apontava no sentido de uma posterior reunificação dos dois reinos.

Um príncipe que se declarara constitucional, que desde o Fico (9 de janeiro de 1821) vinha sendo aclamado até pelos setores mais liberais, que rompera com Lisboa e convocara eleições para uma Assembleia Constituinte, tão amado que recebera da Câmara o título de Defensor Perpétuo do Brasil, fora pouco a pouco se convertendo num tirano. Primeiro, ao dissolver a Assembleia Constituinte, depois, pela forma violenta com que reprimiu a Confederação do Equador e, finalmente, pela assinatura do vergonhoso tratado.

É nesse contexto que a escolha do 7 de setembro como data da Independência ganha sentido. Segundo Lourdes Lyra, até então tinham sido consideradas as seguintes datas decisivas para o processo: o 9 de janeiro, dia do Fico; o 3 de maio, dia da inauguração da Assembleia Constituinte Brasileira; e o 12 de outubro, dia da Aclamação. Foi o esforço concentrado do Senado da Câmara (atual Câmara Municipal) do Rio de Janeiro, durante o mês de setembro de 1822, enviando mensagem à Câmaras das principais vilas do Brasil - num tempo em que eram as vilas e cidades as instâncias decisivas da política portuguesa -, que fez com que, na fórmula consagrada, constasse que dom Pedro fora feito imperador pela "unânime aclamação dos povos". Foi o apoio das Câmaras e de setores da elite e do povo do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Minas Gerais que deu forças ao príncipe para se contrapor às decisões de Lisboa.

Segundo bem demonstra Lourdes Lyra, a opção pelo 7 de setembro casava bem com a ideia de que a Independência fora obra exclusiva de dom Pedro e essa data foi estrategicamente escolhida para a assinatura do tratado de 1825. Foi a partir de então que começaram a surgir referências mais entusiásticas ao 7 de setembro no Diário Fluminense, que fazia as vezes de órgão oficial do governo, e, em 1826, esse dia foi incluído entre as datas festivas do Império. Essa obra in progress foi reforçada ainda naquele ano pela publicação do famoso relato do padre Belchior, a primeira descrição minuciosa dos fatos que se verificaram às margens do Ipiranga por uma testemunha ocular da História. Ao lado deste, dois outros relatos publicados bem mais tarde por membros do grupo que acompanhou dom Pedro a São Paulo passariam a ser a fonte privilegiada para o estudo da data.

O coroamento da obra se deveria ao Visconde de Cairu, intelectual respeitado que se conservou sempre aos pés do trono. Em sua História do Brasil, publicada em partes entre 1827 e 1830, Cairu afirma que a Independência do Brasil foi "obra espontânea e única" de dom Pedro, que a tinha proclamado "estando fora da Corte, sem ministros e conselheiros de Estado, sem solicitação e moral força de requerimento dos povos". Estava entronizado o mito do herói salvador, e postos na sombra os outros protagonistas, como José Bonifácio, Gonçalves Ledo e os membros de todas as Câmaras que impulsionaram e sustentaram o príncipe em suas decisões. Sem esse poderoso elenco de coadjuvantes, ao contrário do que afirma Cairu, não teria ocorrido a Independência.

É interessante como símbolos forjados a partir de circunstâncias fortuitas se podem transformar com o tempo. Prova de que na memorabilia pátria menos que os fatos importam o peso que a tradição lhes imprimiu. Foi assim, durante todo o Império com a Constituição de 1824. O gesto de sua criação - ela foi outorgada, e não resultou da deliberação de uma Assembleia - não impediu que ela fosse respeitada e sacramentada até muito depois da deposição de dom Pedro I. O mesmo se deu com o 7 de setembro. A data impôs-se sobre as demais, hoje esquecidas, e continuou a ser festejada com o mesmo entusiasmo depois da abdicação, em 7 de abril de 1831, e bem depois de proclamada a República.

(ISABEL LUSTOSA É CIENTISTA POLÍTICA PELO IUPERJ E HISTORIADORA DA CASA DE RUI BARBOSA NO RIO DE JANEIRO).

Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100907/not_imp606171,0.php